O lado negativo é a política. O governo e o próprio presidente são seus maiores adversários. Produzem todas as crises que desgastam a imagem do governo e do presidente. Os auxiliares (ministros (não todos, claro), secretários e outros) erram muito ao falar. Exemplo clássico é o ministro da Educação. Fala muito - e mal -, encobrindo o que faz de bom.
Mas quem mais desgasta o governo e o presidente é o próprio presidente. Não tem estratégia de comunicação. Sabe que a grande imprensa é "inimiga", mas dá entrevista quase todos os dias. Sabe que essa imprensa torce tudo o que ele fala, mas fala sem parar com os jornalistas.
Bem intencionado, Bolsonaro acredita que a imprensa pode mudar. Inimiga, agindo como partido político, a imprensa não muda. O presidente não pode se comportar como militante, discutindo com os militantes da imprensa. Bolsonaro deveria falar por meio de notas e de ministros e congressistas que recebe em audiências no Palácio do Planalto.
Outros canais de comunicação são importantes. Por exemplo: os discursos de solenidades em Brasília e nas capitais e cidades do interior que ele visitar, além, claro das redes sociais. Aliás, as redes sociais são, até o momento, o grande trunfo de Bolsonaro. Os apoiadores anônimos têm ajudado mais do que os políticos aliados dentro e fora do Congresso Nacional.
Manter um confronto permanente com a imprensa é tiro no pé, afirmo, como jornalista que passou pela grande imprensa. O político vai lá e espinafra os meio de comunicação por alguns minutos. Às vezes, segundos. Os jornalistas ficam com o resto do dia, da semana, do mês... com pauta para bater. E batem várias vezes. É festa na redação!
Uma briga de uma pessoa com a imprensa é sempre desigual. É briga de um contra centenas. É uma luta inglória, sem possibilidade de vitória. Ah, mas o presidente tem razão. Ter razão ajuda pouco ou nada. O desgaste virá, sem dúvida. A motivo é simples. A povo não se liga no enfrentamento. Para dificultar, esse grande contingente de "desligados" se orienta pelo pouco que acompanha... na imprensa.
Quer uma prova? A pesquisa XP Investimentos, que acaba de sair, indica que a expectativa positiva sobre o governo federal caiu 23 pontos percentuais em um ano. Ou seja, ser competente para administrar não sensibilizou, não surtiu efeito positivo. As crises políticas produzidas dentro do próprio governo pesaram mais no entendimento de quem não entende nada de governo, a maioria.
O competente Bolsonaro precisa se reinventar urgentemente.
Clesio Boeira, jornalista.
Foto: José Cruz/Agência Brasil |
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