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Governo precisa repensar estratégia de comunicação para enfrentar o 'fofocalismo'

A estratégia de comunicação do governo federal precisa ser repensada. Os responsáveis pela área têm à disposição estrutura invejável (pessoal e material), um produto novo com ótima aceitação (o novo governo) e um "garoto propaganda" com popularidade excepcional (o presidente).

Foto extraída da última live.
Nada falta para fazer ótimo trabalho. Basta definir como fazer e por onde começar. Aparentemente a primeira providência é evitar que Jair Bolsonaro discurse, conceda entrevistas e use as redes sociais, principalmente em lives, sem saber previa e claramente o que vai tratar e o que vai dizer.

Não significa enquadrar o presidente. Significa organizar as falas e antecipar conteúdos consistentes, claros, simples e objetivos, obedecendo aos interesses do governo e ao desejo do presidente. Não significa podar a espontaneidade e capacidade pessoal de comunicação, mas arredondar a forma de exposição.

As anunciadas lives semanais são importantíssimas. Mas, se não receberem um tratamento profissional, o improviso arrastará o presidente para a repetição, a mesmice e o discurso político apropriado para candidato e não para eleito. As pessoas já ouviram e aprovaram o discurso. Agora, querem a prática.

Outra providência é passar recados importantes ou silenciar. O Palácio não é palanque. Bolsonaro é presidente e não candidato. Deve falar quando a mensagem for construtiva e não somente discursiva. Desse modo, produz fatos positivos e deixa de oferecer pasto para o subjornalismo fofoqueiro da atualidade.

Ainda é fundamental convencer o presidente a evitar falas desnecessárias. Figura simpática, extrovertida e alegre, o presidente é dado a entremear declarações relevantes com brincadeira, inclusive fora de contexto. Esse hábito não é bom para o chefe do Executivo, porque tira o foco do conteúdo sério.

O redirecionamento do foco, com brincadeiras, é saudado pelos "fofocalistas" que se apresentam como jornalistas. Um tanto esvaziada pela Internet, que acabou com a notícia boa para ser publicada no dia seguinte, o desespero por novidade arrastou a imprensa para o submundo da fofoca. Hoje, a novidade de amanhã e a opiniãozinha do colunismo dominado pela esquerda e os textos de rescaldo que exploram os detalhes, de preferência negativos, e não o principal.

Um presidente tem porta-voz justamente para não se expor constantemente. O recolhimento faz parte da liturgia do cargo. Um presidente tem que governar o país e fazer manifestações importantes sobre assuntos relevantes. Um presidente é presidente de todos e, assim, não deve discursar apenas para alguns. A menos que queira jogar uns contra os outros, como fazem os governos de esquerda. Não é a fala que constrói, que muda as coisas para melhor, mas as iniciativas e realizações concretas.

Uma boa estratégia de comunicação mostra um presidente que faz. Não um presidente falante, para alegria dos "fofocalistas", cuja missão "modernamente" é fazer sensacionalismo barato em lugar do jornalismo informativo e esclarecedor, importantíssimo para a Nação, o País e a democracia.